Monumento Natural das Portas de Ródão – Margens do Rio Tejo

Portas de Ródão – Monumento Natural

As Portas de Ródão constituem uma ocorrência geológica e geomofologia localizada nas margens do rio Tejo, nos concelhos de Vila Velha de Ródão e de Nisa. Este conjunto natural sobressai pela imponente garganta escavada pelo rio nas cristas quartzíticas da serra do Perdigão, com um estrangulamento de 45m de largura.

Portas de Ródão

Esta imponente crista quartzítica, 150 a 250 m acima das plataformas de xistos, destaca-se como marca notável na paisagem e estende-se para a margem sul do Tejo ate ao monte de São Miguel de Nísa. Mede mais de 30 km de comprimento e 2,5 km de largura máxima, é composta por duas cumeadas paralelas, separadas por um vale escavado nos xistos brandos. Esta área caracteriza-se pela existência de um relevante património natural, onde se destaca o geossítio das Portas de Ródão entre outros valores geológicos, biológicos e paisagísticos.

Este geossítio evidencia particularidades geológicas, geomorfológicas e paleontológicas. A estas, associam-se as formações vegetais naturais, onde se destacam os zimbrais, a avifauna rupícola e o património arqueológico, testemunho de uma presença humana com centenas de milhares de anos.

Portas de Ródão - Monumento Natural

Neste local, onde o rio Tejo rompe o relevo quartzítico, abrem-se as Portas de Ródão, Monumento Natural Nacional, referencial geográfico, cénico e simbólico, que marca a paisagem regional e que Hipólito Raposo definiu como “as ombreiras mutiladas de um arco do triunfo que um capricho plutónico quisesse ter ali deixado à honra do grande rio, nas primeiras auroras do mundo.”

As Portas de Ródão constituem um relevo com cerca de 400 milhões de anos, dobrado em sinclinal, que resultaram de um processo de arrasamento que preservou o quartzito, devido à sua dureza e maior resistência à erosão. Esta barreira ao escoamento fluvial -condicionou toda a geomorfologia da região.

Eixo referencial de fundamental importância para o homem pré-histórico, as Portas de Ródão estruturaram, em seu redor, um vasto território de exploração dos recursos e de práticas simbólicas que originaram um dos mais significativos complexos de arte rupestre europeus.

Vídeo das Portas de Rodão

Nas escarpas rochosas e na sua envolvente ocorrem endemismos de grande raridade, com destaque para o zimbro, Juniperus oxycedrus subsp. lagunae, espécie reliquial que povoa as escarpas; encontram-se comunidades vegetais dominadas pelo medronheiro, Arbutus unedo, o folhados Viburnum tínus, a aroeira, Pistacea lentiscus, a murta, Myrtus communis, compondo um mosaico heterogéneo que confere à paisagem uma explosão de cores e odores.

 

 
 
 
 
 

 
 
 

Flora e a vegetação

O coberto vegetal das escarpas quartzíticas e zonas envolventes, que fazem parte da área do Monumento Natural, consiste num singular complexo de comunidades bastante diversificadas cuja originalidade deriva da diversidade topográfica.

A vegetação climatofila, isto é, aquela que é determinada pelos fatores climáticos resume-se a duas séries de vegetação, sendo a mais abrangente a Smilaco aspera-Querceto suberis sigmetum, que tem por etapa climácica um sobreiral com zimbros. Existe uma segunda série de vegetação, Pyro bourgaeanae-Querce-tum rotundifoliae com Juniperus oxycedrus Iagunae, escassamente representada na zona, ocupando áreas marginais, que tem por vegetação climática o bosque de azinheira, alguns dos quais em bom estado e de grandes dimensões. Ocorre ainda uma área considerável de zimbrais com azinheiras de pequeno porte, sobre solos rochosos de quartzitos, muito fraturados.

Nestas comunidades que incluem espécies termófi las como o zambuieiro, espargo-branco, e o espinheiro-negro, por exemplo, os zimbros e as azinheiras não possuem porte arbóreo, constituindo matagais mais ou menos densos, inseridos nos fundos das rochas e sobre superfícies terrosas incipientes representando, nestes locais, a vegetação climácica. Uma boa parte das espécies de folha lustrosa/lauroide que integram as atuais comunidades são também sobreviventes da Era Terciária mas adaptadas a um clima sub-tropical. Terão sobrevivido em refúgios durante as glaciações e acabaram por se adaptar ao clima mediterrânico com as características atuais. Como exemplo citam-se as seguintes espécies murta, carvalho-cerquinho, medronheiro, folhado, aroeira, carrasco, entre outras.

Fauna

A existência e a manutenção de um mosaico paisagístico diversificado, resultante dos diferentes usos do solo, constituem um fator decisivo para a manutenção da biodiversidade. Nos olivais, matagais, zonas com vegetação herbácea, áreas florestais e escarpas rochosas verifica-se a presença de um número assinalável e diversificado de espécies animais.

Os vales mais encaixados, com formações vegetais densas e de grande diversidade e as escarpas de difícil acesso constituem o habitat preferencial para um importante número de espécies, não só de rapinas como também de outra avifauna e de mamíferos.

É nestes locais que os matagais de características mediterrânicas se encontram melhor representados e em melhor estádio de desenvolvimento. O interesse ornitológico das Portas de Ródão e da sua área circundante pode considerar-se bastante importante. Destacam-se sobretudo as comunidades de aves rupícolas existentes, não apenas nas Portas de Rodão, mas igualmente nos afloramentos que se estendem ao longo da Serra das Talhadas. Verdadeiramente importantes constituem as comunidades de aves rupícolas que engloba, entre outras, espécies como a cegonha-preta, o grifo, a águia-de-bonelli, o bufo-real, a andorinha-das-rochas ou o melro-azul. A colónia de grifos é particularmente importante constituindo, na atualidade, a maior existente no território português.

Rio Tejo – Local de passagem

Os grandes rios sempre foram importantes vias de penetração para o interior do território. O rio Tejo não foi exceção. Ao longo dos vários períodos históricos este grande rio da Lusitânia constituiu um elo de ligação entre a periferia (litoral) e o interior peninsular. Permitia, assim, o movimento substancial de produtos e pessoas.

Perpendicularmente a este movimento desenvolveu-se um outro, o da transumância dos rebanhos que desciam da Serra da Estrela a caminho do Alentejo, à procura de melhores pastagens Este movimento foi fortemente condicionado pela orientação da crista quartzítica que ajudou a canalizar e orientar os transumantes para a bacia de Ródão. Neste local funcionava a barca de Ródão, arrematada anualmente por cada um dos municípios (Ródão e Nisa). Neste mesmo sítio funcionou, durante o século XIX, a Ponte das Barcas que facilitou importantes movimentos militares.

A ponte metálica que liga a Beira ao Alentejo, e que veio substituir na região de Ródão o papel secular desempenhado pelas barcas, foi construída em 1888 sob a responsabilidade do engenheiro francês Pijonet, e compõe-se de um tabuleiro metálico com o comprimento de 163 m, de três ramos retos, e com pilares de 30 m de altura.

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